Opinião - Regulamentação do Rodízio de Opiniões nas redes sociais
A internet é um espaço democrático demais. O problema não é a tecnologia, é o fã clube. As redes sociais deram voz à pior categoria que existe: os covardes. Antes, as pessoas ponderavam antes de falar, tinham vergonha, medo de julgamento e esperavam ter certeza sobre o tópico. Hoje, é fácil ser um imbecil com alcance global, muitas vezes protegido pelo anonimato. (Este jornal ainda tem dúvidas sobre qual é o pior tipo: o que exibe o rosto com orgulho ou o que se esconde, revelando ao menos um resquício de pudor).
Chegamos ao ponto em que a internet se tornou um congestionamento permanente de opiniões. Todos querem falar, ninguém quer ouvir, mas e os dados? Ficaram parados no acostamento. É por isso que o Jornal Via de Regra propõe uma solução simples, mas revolucionária: o rodízio de opiniões nas redes sociais.
Como funcionaria?
Este é um projeto de lei extremamente refinado para acabar de uma vez só com o problema. A ideia é que cada cidadão poderá emitir apenas uma opinião por semana. Para validar, será obrigatório anexar um gráfico, uma planilha ou, no mínimo, um link que comprove pesquisa aprofundada sobre o tema. Sem evidências, sem postagem ou comentário. Simples assim.
Benefícios e setores impactados
1. Exaustão dos marcadores de opinião
A língua portuguesa está exausta. Não é força de expressão: os marcadores de opinião “eu acho que...”, “na minha opinião...” estão sendo usados de forma tão indiscriminada que já se tornaram ruído. Essa inflação linguística preocupa não apenas os usuários mais atentos, mas também a Academia Brasileira de Letras, que vê na banalização da expressão opinativa um risco à clareza e à elegância do idioma.
Segundo especialistas, o desgaste não é apenas semântico, porque há um impacto físico: os teclados estão sofrendo. A repetição incessante dessas fórmulas consome caracteres, aumenta a digitação desnecessária e, em escala global, contribui para o desgaste prematuro de teclados. Um estudo do setor de tecnologia poderia até estimar o custo anual do “eu acho que” para fabricantes de teclados, o que impacta também na produção de plásticos e na poluição. Ou seja, estamos morrendo pelo excesso de opiniões no Instagram, basicamente.
2. Explosão no mercado de pesquisas
Pequenas e médias empresas de pesquisa serão as grandes beneficiadas. Este jornal acredita que as pessoas não vão pesquisar por conta própria, pela preguiça e até pela falta de competência para isso, e o resultado será um mercado bilionário para profissionais especializados (mesmo que eventualmente sejam pesquisas enviesadas, mas essa é uma discussão para outro projeto sério de lei).
Essa é uma proposta para movimentar a economia através do conhecimento inteligente, já que vimos nos últimos meses, com a ascensão do ChatGPT, que o conhecimento burro ou inventado também existe – e por isso este jornal é muito grato, pois inventar coisas é algo que nossa redação valoriza.
3. Fiscalização digital
Para garantir eficácia, o Governo deverá implementar um algoritmo capaz de identificar infratores que opinem mais de uma vez por semana. Mecânica: assim que um comentário baseado em achismo for feito, o algoritmo irá acionar o Zap do presidente, sobrecarregando ele de notificações. O presidente irá se estressar e mandar a equipe resolver imediatamente, identificando os meliantes e tomando as medidas cabíveis.
Nota rápida: é claro que uma automação seria muito mais eficaz, mas a redatora gostou muito da ideia de enviar mensagens em larga escala pro Zap do presidente.
4. Penalidades para os infratores
As penalidades previstas para esses criminosos são multa, bloqueio temporário e curso de reciclagem obrigatório sobre a diferença entre fato e opinião. Até concluir o curso, redes sociais suspensas. O dinheiro arrecadado poderá ser utilizado para pagar cerveja para todos os outros usuários de internet que não emitem opiniões nas redes, com um sistema similar ao “bom condutor” do Detran. Sugestão de nome: “webamigos do bem”.
Ao colocar essas ações em prática, acreditamos que o ambiente digital voltará a ser saudável, com menos opiniões por pixel² e mais espaço para informação qualificada. E você, o que acha? Deixe sua opinião nos comentários (não se esqueça de anexar a fonte). Limite de uma opinião qualificada por usuário.

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